sexta-feira, 29 de julho de 2011

Prefeita de Cubatão quer rediscutir projeto de jardim botânico e recorre ao BID


A prefeita Marcia Rosa vai recorrer ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a "todos os setores possíveis" do Palácio dos Bandeirantes para tentar rediscutir o projeto de criação do Jardim Botânico de Cubatão e evitar a extinção o Bairro Água Fria, onde vivem cerca de 7 mil pessoas. A decisão foi tomada horas depois da chefe do Executivo cubatense ser informada sobre a apresentação do projeto do futuro Jardim Botânico, na Água Fria, em Cubatão, aos representantes do Polo Industrial pelo secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas, na manhã da última quarta-feira.
O BID é o maior financiador do projeto, orçado em US$ 16 milhões, e faz parte do Programa Serra do Mar. Ontem, Marcia Rosa convocou uma reunião com vereadores, moradores do bairro afetado e a imprensa para externar a sua indignação com o Governo do Estado. O motivo foi a "quebra da promessa" que o secretário estadual fez aos representantes do Município, de que avaliaria um projeto alternativo para a construção da sede do Jardim Botânico na Cidade elaborado por técnicos da Prefeitura.

Os documentos foram apresentados a Covas no dia 19 de maio deste ano, em uma reunião na Capital. No encontro, Bruno Covas disse aos representantes do Município que encaminharia o projeto à assessoria jurídica da Secretaria de Meio Ambiente e à Secretaria de Habitação para avaliar a sua viabilidade. O Governo Municipal sugere em seu projeto a manutenção de parte da Água Fria e a modificação do traçado dos limites do Jardim Botânico.

Com uma área de 3 milhões 641 mil e 200 m2,  o parque foi criado no ano passado por decreto do então governador Alberto Goldman e prevê a construção da sede justamente no local onde hoje estão cerca de 1,4 mil moradias ocupadas por cerca de 7 mil pessoas. "Quando li a matéria (sobre a apresentação do projeto original do Jardim Botânico aos representantes do Polo) hoje (ontem) me surpreendi. O Bruno (Covas) havia se colocado à disposição para discutir o assunto",reclamou  a prefeita na abertura da reunião.

Reunião com o BID

A Administração Municipal defende que parte dos moradores da Água Fria continue no bairro (os que estão próximos ao Rio Cubatão teriam de sair) em um futuro conjunto habitacional ecologicamente correto, integrado com o Jardim Botânico. Na proposta da Prefeitura, a área do parque seria ampliada para 5,7 milhões de metros quadrados, mas com um traçado diferente.

A Água Fria ficaria fora do Jardim Botânico e a sede do empreendimento seria construída em uma região mais próxima à sede do núcleo Itutinga Pilões, no Parque Estadual da Serra do Mar. Ali existem alguns sítios e já ocorreram intervenções urbanísticas, inclusive com vegetação diferente da que existe na Mata Atlântica.

Marcia Rosa diz que já entrou em contato com o BID em Brasília para pedir uma audiência e expor o problema vivido na Cidade. A prefeita conta que apresentará a insatisfação dos moradores com a obrigatoriedade da retirada imposta pelo Estado e, assim, tentar flexibilizar o projeto inicial do Jardim Botânico. "O BID não financia projetos cujas comunidades não estão de acordo".

Não retornou


 O secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas, foi procurado para comentar o assunto, mas até o fechamento desta edição a sua assessoria não se pronunciou.

Situação tensa

A situação entre Estado e moradores da Água Fria deve ficar tensa nas próximas semanas. Ontem, durante a reunião no gabinete da prefeita, algumas lideranças do bairro prometeram "ir para o tudo ou nada", na tentativa de manter parte da comunidade no bairro e evitar a sua extinção.

"Ninguém quer saber da história devida das pessoas. Posso não ter um terreno, mas a minha casa eu construí e não vou deixar um trator do Estado passar por cima dela", protestou Evanira Francisca Santos, que mora na Água Fria há 37anos.

Presidente da sociedade de melhoramentos do bairro, Ivan Hildebrando afirma que as famílias que pretendem continuar na Água Fria "vão resistir até o fim" e irão montar acampamento em frente ao escritório da CDHU, na Vila Fabril. "Podemos perder, mas vamos perder lutando".

O Estado iniciou o projeto Serra do Mar em 2007. Ele prevê a retirada de 5.350 famílias que vivem dentro do Parque Estadual da Serra do Mar em diversos núcleos. A decisão cumpre uma ordem da Justiça que acatou ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual. A Promotoria exige a transferência de todas as famílias do parque para outros locais.

Fonte: Jornal A Tribuna

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